Sonhos de Inverno - Parte 3


- É uma boa! - ele brincou.
Como ainda não tinha pensado nisso? Fiquei tão sem jeito perto do Jason que esqueci do meu celular, de tudo...
Peguei o celular na bolsa, procurei rápido nos contatos e liguei.
- Lua?
- Hey! - ela sussurrou - Pensei que você soubesse que estou no cinema!
- É urgente!
- Pode falar baby, estou saindo da sala infelizmente, espero que seja realmente urgente porque eu não estou largando o Thomas sozinho a toa sendo que custei para arranjar um encontro com ele.
- Desculpa. - lamentei, porque ela deu duro mesmo para chamar atenção dele - Eu estou perdida!
- Perdida? - ela gritou - Como assim menina?
- Eu não lembro como vim parar aqui... - Não sei como vim parar aqui e isso era estranho. - Consegui a ajuda de um garoto...
- Um garoto? Ele é gatinho? Se for não esqueça de me mencionar com as melhores qualidades, e pode dizer algumas mentirinhas. - ela interrompeu.
Sorri, a Lua sempre foi assim e eu a adorava daquele modo, o Jason seguia o caminho um pouco mais a frente dando privacidade a nossa conversa.
- Lua, não perde o foco! - falei severa - Eu perdida lembra?
Não vi o rosto de Jason, mas senti que ele estava rindo de nossa conversa.
- Tudo bem, e você está aonde nesse exato momento?
Onde eu estava? Tentei ler algumas placas, mas estava no começo de uma nevasca já eram seis horas da tarde, estava quase impossível ler alguma coisa.
- Jason! - chamei.
Ele se virou, caminhou até mim com passos apertados.
- Onde estamos?
Tentei dar um sorriso atrativo, mas missão fail ele mal olhou para minha cara ele caminhou olhando para seus tênis, envergonhado talvez?
- Está difícil de ler alguma coisa, mas tenho quase certeza que aqui é Church Street, se ela quiser um lugar mais especifico, daqui vinte minutos chegamos á Farmin Park. - ele disse apontando para a próxima rua que iriamos entrar.
-Estamos na Church Street, mas se fica mais fácil daqui vinte minutos estaremos a frente do Farmin Park.
- Okay. - respondeu a Lua. - Eu irei chegar em meia hora, logo após de destruir meu encontro com Thomas. - ela reclamou.
- Desculpa, irei te recompensar. - me senti culpada.
- Com cupcakes da Lola's!
- Cupcakes da Lola's. - repeti com um sorriso.
Desliguei meu celular, e o coloquei na bolsa Jason observava meus passos a espera de uma noticia.
- Ela chegara em meia hora.
- Ótimo - ele sorriu. - Farmin Park não é muito longe, não se preocupe conheço Coldwater como a palma da minha mão.
Não conseguia dizer, apenas sorri e afirmei com a cabeça, seus olhos que em pouco tempo me fizeram apaixonar-se estavam capturando cada detalhe. Um silêncio ocorreu.
- Maia né? - ele fez uma pausa. - Para cortar o silêncio que tal perguntas para nos conhecermos?
- Ótimo.
- Quantos anos? - ele perguntou.
- 17 e você?
- 18. Gosta de animais? - ele riu de sua pergunta.
- Sim, principalmente de cachorros tenho três e você?
- Cachorros, tenho dois. Gosta de que tipo de comida?
- Italiana, sou apaixonada por massas! - sorri deixando escapar uma gargalhada estranha.
-Hum... Me deu fome!
Nossos olhares cruzaram e gelei, desceu um frio na barriga e me deixou ansiosa, ele sorriu meus olhos percorreram seu sorriso tão marcante e ele desviou o olhar para o chão.
- Namorado? - ele perguntou de cabeça baixa.
corei.
- Não...
- É... Eu também não.
Uma felicidade súbita veio até mim e deixei escapar um sorriso que Jason percebeu.
- Você trabalha? - cortei o gelo.
- Sim, trabalho em uma Starbucks perto da minha casa.
- Trabalho em um pet shop, cuido dos passeios dos cães, é uma bagunça! - ele riu.
- É estranho... - ele suspirou.
- O que?
- Conhecer uma pessoa assim, depois disso o que vai acontecer?
A pergunta dele era intrigante e eu tinha a sensação que ele queria muito a resposta, sem deixar escapar respondi na certeza.
- Podemos manter contato.
Ele sorriu.
- Posso te fazer uma pergunta? - perguntei.
- Sim.- tentávamos desviar os olhares.
- Porque veio até minha mesa no Starbucks?
- Você estava sozinha...
- Estranhos, não se sentam com outros estranhos apenas porque estão sozinhos. - tentei falar sem me enrolar.
- Ta bom, vou admitir te achei interessante.
- Sou interessante? - perguntei surpresa.
- Sim, ruiva... olhar tímido...
- Tímido?
- É.
Então nossos olhares se juntaram como imãs no mesmo momento, e um sentimento louco fez meu coração acelerar parecendo uma escola de samba senti nossos corpos se aproximarem, e já estávamos perto o bastante para...
- Chegamos ao Farmin Park. - ele cortou.
E a realidade bateu sem dó, eu nunca conseguiria ficar junto a Jason, se apaixonar por um estranho é a loucura mais impossível que já achei que daria certo, e como sempre fui tola o suficiente para acreditar que aconteceria.
- Desculpe. - ele lamentou.
Minhas palavras foram engolidas por mim mesma, uma decepção repentina me apareceu e eu não consegui dizer, nem olhar mais para Jason, me senti tão burra a acreditar em uma coisa como essa poderia acontecer, fora do livro era impossível.
Senti Jason me observando, rapidamente olhei para o lado, as ruas estavam desertas e eu não queria que Jason soubesse o que estava sentindo.
- Maia? Desculpe se fui...
- Tudo bem - interrompi.
As palavras quase não saíram, Meu Deus estou ficando louca? Estava desafiando, meus sentimentos por Jason era como se já o conhecesse a séculos, me senti ridícula.
Pude ouvir o carro de Lua virando a esquina e então acalmei, nunca mais veria Jason e um coração partido por pouco tempo é melhor do que a dor de uma paixão não correspondida por tempos. Lua parou seu carro logo a nossa frente e abriu o vidro.
- Entrem. - seus olhos percorreram por Jason. - Porque não me disse que ele era gato Maia?
Geralmente riria da situação se eu não estivesse acabado de levar uma surra da realidade entrei no carro sem dizer uma palavra sequer, Jason sentou ao banco traseiro, então Lua começou a tagarelar, perguntou sobre toda a vida de Jason inclusive se ele tinha namorada. Senti que ele estava incomodado com as perguntas da Lua e que constantemente ele olhava para mim, mas encarei a imensidão de neve através da janela ignorando-o.
Lua nos deixou em casa e antes que eu a dissesse que Jason não ficaria comigo ela partiu.
- Maia, me desculpe...
- Não precisa se desculpar, vou para casa...
De frente para porta procurei minhas chaves na minha tira colo cinza, uma lagrima logo desceu limpei antes que alguém percebesse.
- Maia.
Impaciente virei e ele estava tão perto que antes de dar um passo para trás ele me beijou, senti seu cheiro de hortelã de perto, seus lábios tocando os meus, seu nariz gelado e cada vez diminuíamos a distancia entre nós, ele me puxou para mais perto pela cintura e eu segurei sua nuca.
Nunca pude pensar em viver uma história como essa, me apaixonar por alguém que conheci a tão pouco tempo e ainda ser correspondia poder estar com ele naquele momento fez meu coração explodir de alegria, fiquei arrepiada senti ansiedade e meu coração batia cada vez mais forte quando ele passava a mão em mechas do meu cabelo.

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- Maia? Maia? - ouvi gritos da minha mãe. - Será possível? Mesmo abrindo a janela você a fecha e volta a dormir!
Estava no meu quarto, debaixo de três cobertores, cercada de travesseiros. Tudo foi um sonho? Não... Não... Jason não existe? Eu amo alguém que não existe?
- Jason está te esperando na sala, esqueceu que hoje é o aniversario de vocês? Pelo amor você falou disso ontem o dia inteiro, essas adolescentes estão cada vez mais malucas! - Jason?
- Jason? Aniversario?
- Seu namorado... Em que mundo você está hoje?
Jason era meu namorado? Abri o maior sorriso que minhas bochechas suportaram, pulei da cama para o closet coloquei as melhores peças de roupas que tinha, me olhei no espelho trezentas vezes até achar a perfeita, arrumei meu cabelo, passei maquiagem, totalmente feliz corri pelos corredores desci as escadas ansiosa, tropeçando em meus próprios pés e quando finalmente cheguei a sala... Jason!


Para acompanhar:
Parte 1
Parte 2










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