Utopia Amorosa



- José, José... Se você soubesse o que você fez comigo!
Lá estava eu, mais uma vez no quarto esparramada pela cama, cabelos presos por preguiça de escova-los, meias furadas nos calcanhares e uma blusa clara velha, gasta e com manchas de cada dia que eu a usara.
Estava parada daquele jeitinho, fazia muito tempo, batucando o lápis em meu caderno, em branco, ó precioso caderno, nele havia todos meus sentimentos, TODOS, mas ninguém jamais soubera.
Escondia meu dia-a-dia, em personagens e histórias diferentes, porém com os mesmos sentimentos e finais que as minhas... Tudo bem, tudo bem, algumas com o final que eu gostaria que tivesse acontecido na realidade.
Uma coisa, eu só conseguia pensar em uma coisa nesse exato momento, e de modo engraçado, ela que me inspira, e por vez, bloqueia minha inspiração, estou falando da paixão, a senhorita Paixão, que vem bagunçando meus dias, assim como uma brisa forte que entra pela janela e espalha as folhas de algo importante, do qual você não sabia a ordem e agora está de joelhos no chão, tentando se lembrar qual seria o começo de tudo, qual seria a primeira folha.
Essa é a minha situação, está tudo uma bagunça. Meu único pensamentos são os olhos de José, inocentes e castanhos olhos, pelo qual que apaixonei, eles me dizem a verdade mesmo quando sua boca diz mentiras confiáveis. Ele me guia quando estou perdida, seus olhos são a porta para descobrir que realmente é, olhar por baixo da máscara.
Vou dizer que se José por inteiro fosse seus olhos já haveria me casado com sua pessoa. Que pessoa maravilhosa esse homem seria. O príncipe encantado em seu cavalo negro. O meu sonho.
Pena que eu sonho demais, e a imagem que criei de José sobre seus olhos é ilusório. Cada vez mais decepções. Sempre esperei mais dele, e agora... Espero menos. Eu realmente não queria, mas foram medidas mais que necessárias, já que o troco que dou a cada tombo que ele me causa não equivale a um quarto dos danos causados em mim.
Fernanda estava certa quando me avisou sobre ele, fui inocente o suficiente para acreditar que daria certo, tola o bastante para achar que ele mudaria, por mim, por nós.
Sinto vergonha de mim, acreditei em uma mentira, uma mentira da qual já sabia a verdade, e agora? O que me resta? Dias sem inspirações, textos pobres cheios de você e nada de nós.

“ Confundia amor
com pranto

amava pouco

sofria tanto
- Fabrício Garcia

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