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Mandy Brancalion



Quatro horas da manhã, dia quinze de julho de dois mil e dezessete.

Me encontrava na varanda, sentado em meio do silêncio que o ambiente proporcionava, meu cigarro no cinzeiro, e podia ouvir a música do meu vizinho, Chico Buarque.
A noite estava totalmente agradável para um apaixonado perseverante, o céu límpido, com poucas estrelas que o pontilhava. Bebia uma taça de vinho barato, e mantinha os olhos firmes na vista de uma pequena viela, via com clareza o que acontecia na casa da Elis, pelas suas grandes janelas de vidro. Gostava de bisbilhotar suas noites, não como um stalker, mas como um observador.
O namoro de Elis, era como um jogo, não era nada fácil, muito menos algo que fluísse com liberdade. Seus movimentos e falas eram pensados com antecedência, necessitava de estratégias, mas ainda sim denominado como amor.
Todas as noites, ela e seu namorado iam para o quarto, como um casal jovial e apaixonado, cheios de fantasias. Não fantasias sexuais, fingiam ser quem não eram, se vestiam de outro, cobriam-se de brasa, e ardiam em chama. Ardente. Fogo. É a palavra que eu definiria seu namoro, algo que esquenta, mas arde, machuca e dói.
Seu namorado era inconstante, por vezes apresentava-se violento, a fazia se sentir incapaz, a xingava, menosprezava, espalhava sobre ela a má fama, mas nada que ele não pudesse se desculpar com algumas curtas horas de cama.
Já a vi inúmeras vezes desmontar, logo que ele lhe vira as costas para ir embora, satisfeito de prazer, e ela se banha de lágrimas, obrigatoriamente satisfeita, mas de tanto ter que engolir desaforos calada. Tentei ajudar muitas vezes, sou um apaixonado perseverante, um apaixonado por seu sorriso singelo, e olhos pequenos, levemente puxados, seus cabelos negros lisos. Sou um apaixonado perseverante, um apaixonado por Elis, que é apaixonada pela dor e sofrimento. Coração masoquista. 
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Não sei o que estou fazendo aqui... Geralmente recorro a linhas de mágoas quando preciso apelar, mas cá estou eu, tentando tirar algo de mim, algo que eu não sei o que é, não sei qual o efeito sobre mim, ou se me faz bem ou mal, só tenho uma coisa concreta no momento, é sobre você.
Eu estava sem saber até onde pisar, não conseguia andar sem tropeçar em minhas próprias confusões e dúvidas, estava tudo uma zona, sem eu me entender, sem entender os outros... Em meio a isso me isolei, e mais uma vez dei uma boa gargalhada a respeito das desavenças da vida sobre mim.
Só me lembro que lá estava você, e eu tropecei no meu cadarço no mesmo instante, e dessa vez literalmente, será que seria uma coincidência? Eu não sei.
Dias depois, era você, mesmo longe era você, na minha lição de matemática, na minha tristeza por outras pessoas, nas minhas risadas com amigos avulsos, era você até mesmo no meu chá que faltava açúcar!
E como entender isso? Sempre foi uma pessoa presente, porém imparcial em minha vida , e por um tropeçar de cadarço virou a mais interessante, e a que rouba meus pensamentos, mesmo quando estou concentrada em American Horror Story.
O estranho é que foi tudo muito rápido, dois dias depois de conversarmos durante um ano, comecei a me engasgar e corar, a cada letra que tentava pronunciar ficava enroscada na garganta, isso é um efeito colateral normal? Ou tenho que reduzir as doses de você que tomo no café da manhã?
Como sempre comecei a criar mirabolantes teorias, não sei me apaixonar, sei viciar e agir como psicopata, isso conta como gostar de alguém?
Eu ficava tristes por situações que eu imaginava e meu coração acelerava a toda vez que fechava os olhos, pois era com você que sonhava.
Dá para acreditar que já cheguei a levantar a hipótese que você poderia gostar de mim? As vezes minto para mim mesma e começo a acreditar como se fosse a verdade mais concreta do mundo. É muito mais fácil do que ficar com os cotovelos e joelhos ralados depois de ver a áspera verdade.
Hoje, continuo na mesma, porém com curativos nos cotovelos e joelhos, e conformada com a verdade, á pergunta é... Por que ainda insisto em você? E por que estou tomando tanto chá faltando açúcar?
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Mandy Brancalion (@mandy.oca). Dezoito anos, adolescente atípica alternativa, apaixonada pela vida, viciada em sorvete.
Quer ser uma sereia com uma pitadinha de gótica quando crescer.
Cry Baby, fã de MPB e Indie. Fotógrafa, que cursa Modelagem de Vestuário, e quer ser estilista independente.
Sonhadora positivista, colecionadora de versilharias de apaixonados amargurados.

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